TRILOGIA DA TERRA MALDITA

Não vim para estas quatro paredes para me resignar. Quando estiver com um lenço amarrado na cabeça para minha boca não abrir, e as mãos bem amarradas dentro do caixão, aí eu vou me resignar. 

É com García Lorca que a turma BT49 experimenta novos movimentos de encenação na CAL.

Sob direção de Marcus Alvisi, eles visitam os temas e tensões da obra do espanhol, a partir da sua Trilogia Dramática da Terra Espanhola.

Abundantemente poético, repleto de signos de sua terra natal e da cultura Andaluza, Lorca nos revela o que brota em um ambiente rural onde a opressão é sempre presente. 

Amor, morte, paixão, honra e a família. Um mundo de sombras e contrastes torna-se campo fértil para atores e atrizes em formação se aventurarem.

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Com a palavra, o diretor

“Escritas entre 1932 e 1936, as peças desta trilogia revelam um ambiente rural onde a opressão é sempre presente. Principalmente nas relações afetivas. Ou mesmo nas relações familiares. 

Bodas de Sangue aborda um triângulo amoroso entre noiva, noivo e Leonardo, o ex-namorado que retorna no dia do casamento da moça, provocando uma tragédia de proporções bíblicas. Afetando de maneira catastrófica todos à sua volta.

Yerma vive um drama em seu matrimônio: a falta de filhos. Essa carência torna-se uma obsessão em sua trajetória, gerando um conflito interno inarredável em suas escolhas. Essa tensão entre indivíduo e sociedade leva nossa protagonista a um caminho sem volta.

A Casa de Bernarda Alba narra a história de uma matriarca que acaba de ficar viúva. Impondo suas 5 filhas à clausura e ao luto por 8 anos. Desejos são cerceados. Apetite sexual reprimido. Liberdade dá lugar à prisão. Felicidade à infelicidade. Retrata de maneira implacável a opressão feminina e masculina.

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Estamos fazendo essas 3 peças em uma sala. O espaço nos motivou sobremaneira. Sobretudo, nas dificuldades do ato teatral nele. Então optamos pelo apuramento do trabalho do ator em sua essência. Sem enfeites. Apenas seu corpo e voz no espaço, dando significado às palavras autor. Como diz Artaud: Teatro é poesia no espaço."

Marcus Alvisi